Antes de
matar a mulher e os dois filhos, e de cometer suicídio, o sargento da Polícia
Militar do Distrito Federal (PMDF) Nilson Cosme Batista dos Santos (foto
principal) ligou para o 14º Batalhão da PM, em Planaltina, para avisar sobre a
chacina. O policial estava muito nervoso e disse que mataria todos. Ainda
durante a ligação, os militares chegaram a ouvir diversos tiros.
Cerca de
cinco minutos após o chamado, uma equipe foi até a residência, localizada na
Quadra 161, no Setor Tradicional, em Planaltina. Os PMs tentaram contato com a
família, mas ninguém respondeu.
Os policiais
militares perceberam sinais de fumaça no imóvel, arrombaram o portão e
acionaram o Corpo de Bombeiros. Durante todo o tempo, os PMs chamavam por Cosme
e tentavam contato com os moradores.
Portas e
janelas da casa estavam totalmente trancadas. Ao forçar a entrada, a guarnição
viu um corpo ao chão, em um dos quartos. Dois policiais ainda tentaram arrastar
o corpo para tirá-lo das chamas. Contudo, devido à fumaça, não conseguiram. Um
galão vazio cheirando a álcool também foi encontrado no local.
O incêndio
foi contido pelo Corpo de Bombeiros, que também fez a retirada de quatro
corpos. Perto de um dos mortos foi encontrada uma pistola CZ .9mm, da PMDF.
Depressão –
Em uma conversa com colegas de quartel dois dias antes de matar a família e
cometer suicídio, o sargento da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF)
Nilson Cosme Batista dos Santos reclamou que estava exausto e sob pressão. Ele
também alegou que não conseguiu fazer tratamentos de saúde, aparentando estar
em depressão.
Sem se
identificar, um colega do policial lembrou do desabafo feito dias antes da
chacina. “Ele reclamava que sofria muitas cobranças, mas não tinha assistência
e precisava fazer tratamento. A família pegou Covid, ele estava muito
estressado e passando dificuldades. Contou que estava constantemente sob
pressão”, detalhou.
Casal
tranquilo – Conforme conta a vizinha da família, Lucileide Maria Lucas, 33
anos, a família não parecia ter problemas. “Sempre foram um casal tranquilo,
iam à igreja, ela era católica. Iam em São Sebastião, ela falava que ia na
missa das 17h. Os dois sempre me tratavam bem, os meninos brincavam, jogavam
videogame. Sei que o mais velho passou na UnB”, diz.
Ainda de
acordo com a moradora da região, ela era bem próxima de Maria de Lourdes, e
chegou a conversar com a vítima ainda no dia do crime. “Dia 2 ela mandou áudio
dizendo que estava com Covid. Dia 8 perguntei se estava tudo bem, ela disse que
sim. Hoje eu mandei áudio e ela visualizou às 17h50”, revelou.
Amigo de
infância dos dois jovens assassinados, João Vitor Gonçalves, 20 anos, contou
emocionado à reportagem que ambos eram muito estudiosos. “Eles nunca foram de
sair, de farra, [ficavam] só estudando. Mas jogavam muito videogame. O Isaac
passou pra engenharia química na UnB. Eu não consigo nem falar o que eu estou
sentindo, só quem perdeu sabe”, lamentou.
Outra amiga
de Maria de Lourdes era a técnica agropecuária Ivazine Silva, 56. “Morei do
lado dela, meu filho cresceu junto do filho dela. Os rapazes eram todos
estudiosos, a mulher fez de tudo pra ele passar no concurso, o sonho dele era
ser policial.”
“Não falava
com ninguém, nunca vi esses filhos dele. Ele era muito fechado, procurava
confusão com todo mundo na rua, tem mais de 20 anos que moro aqui e nunca falei
com ele”, comentou Tiago Alves, 33 anos, que mora nas redondezas.
Segundo
informações do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), a corporação foi
acionada para atuar, a princípio, em um incêndio em edificação. No local, a
equipe encontrou as vítimas mortas.
A suspeita é
que Nilson tenha colocado fogo na casa. Nessa linha de investigação, supõe-se
que, antes de o fogo consumir todo o imóvel, o sargento cometeu suicídio. Um
dos corpos estava na sala, atrás da porta, e os outros três, dentro de um
quarto.
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